ATIVIDADES
Encontro micológico na Universidade Sénior As Mestras de Ranatus

Encontro micológico na Universidade Sénior As Mestras de Ranatus

“Os fungos, juntamente com as bactérias, são os únicos seres vivos existentes capazes de digerir duas das substâncias presentes numa árvore – lenhina e celulose – realizando a decomposição da matéria orgânica. Através desta decomposição, os fungos promovem a reciclagem de nutrientes que já fizeram parte de outros seres vivos.

Algumas estimativas do número de espécies de fungos existentes na Terra apontam para valores na ordem 1.500.000 (Hawksworth, 1995). Segundo Gillean T. Prance (1993) algumas espécies fúngicas já se encontram em declínio em alguns habitats, por razões de diversa ordem, desde a chuva ácida até à colheita excessiva das espécies comestíveis mais populares.

Os macrofungos são fungos com “grandes” estruturas reprodutoras, designadas por esporocarpos, carpóforos ou então o nome mais comum – cogumelos. Estes são os corpos frutíferos dos fungos, ou seja, são a parte visível que os fungos necessitam para a sua reprodução, os quais têm por função a produção e dispersão de esporos (o equivalente às sementes nas plantas) que permitem a sua disseminação. O fungo é constituído pelo micélio – rede de filamentos, através dos quais fazem a absorção de nutrientes e de água essenciais ao seu desenvolvimento – e pelo cogumelo em si – estrutura reprodutora. Os períodos de frutificação são muito aleatórios e algumas espécies não ocorrem todos os anos, sendo o Outono e a Primavera a época por excelência para o seu aparecimento. Se alguns carpóforos persistem alguns anos, a maior parte desaparece em menos de uma semana. As espécies mais pequenas são ainda mais efémeras – alguns Coprinus ou Mycenas minúsculas esvanecem-se em algumas horas. O aspecto morfológico do cogumelo varia não só com a espécie mas também em função da idade, o que por vezes pode complicar a sua identificação se não se tiver exemplares em diferentes estágios de crescimento.

A sazonalidade é das questões mais importantes quando se tenta estimar a diversidade macrofúngica, dependendo o aparecimento dos carpóforos de factores como a temperatura, precipitação, ph do solo, disponibilidade de nutrientes e os padrões de sucessão da vegetação.

A inventariação das espécies fúngicas é um passo essencial que falta concretizar na maioria dos países, entre os quais se inclui Portugal. É necessário efectuar inventários, mapeamento e criar listas vermelhas, sendo que a avaliação da diversidade de macrofungos exige alguns anos de inventário até que a curva espécies/área estabilize. Segundo Régis Courtecuisse (2001) um passo muito importante deverá e pode ser dado de forma rápida e efectiva como estratégia de conservação, e que consiste na conservação dos seus habitats. Os fungos não podem ser protegidos individualmente, pois a sua biologia, as frequentes dificuldades inerentes à sua identificação, mesmo por parte dos especialistas, entre outras peculiaridades, não se adequam com esta opção.

Existem três factores que dificultam a tentativa de analisar a diversidade macrofúngica de acordo com Arnolds (1995):

• Tempo de vida do carpóforo – podem viver desde apenas algumas horas até mais de um ano;
• Sazonalidade das frutificações – fortemente relacionada com as condições climatéricas;
• Flutuações – em que as condições climatéricas condicionam a produção de esporocarpos.

Contudo, pequenos passos começam a ser dados em Portugal. Em várias áreas protegidas têm vindo a ser desenvolvidos trabalhos de inventariação de macrofungos. É essencial a compilação desta informação e que estes sejam trabalhos continuados. É igualmente indispensável a sensibilização de todos sobre a importância dos macrofungos, com o seu papel fundamental na ecologia e o seu lugar de destaque na esfera económica.

Desde há alguns anos que a necessidade de fornecer proteção adicional às espécies fúngicas foi reconhecida dentro do grupo da Convenção de Conservação da Vida Selvagem e Habitats Naturais da Europa (Convenção de Berna). Até ao momento, não existem espécies fúngicas representadas nos Apêndices da Convenção.” Uma das razões reside no facto do “estado de conservação de muitas espécies ser desconhecido (…) ”
(in Swedish proposal to include fungi species in Appendix 1 of the Bern Convention, 2002)”

Retirado de https://quercus.pt/2021/03/06/cogumelos-importancia-ecologica/

Realizou- se o nosso encontro relativo a micologia, onde pudemos aprender e acima de tudo aplicar os conhecimentos obtidos. Usufruímos de um dia excepcional, na vivência da natureza com a procura dos “amigos” tão diversos e misteriosos, que são os nossos cogumelos. As nomenclaturas e as espécies são variadas: tortulhos, boletos, bailarinas, míscaros, gasalhos, amarelinhas…

Todos são para admirar e acima de tudo lembrar-nos que devemos respeitar as maravilhas da nossa mãe Natureza. Pudemos ainda deliciarmo-nos com a nossa apanha, num magnífico almoço convívio caracterizado por muita partilha e boa disposição.

Resta- nos agradecer com imensa gratidão a disponibilidade, a partilha de saber e a sua paixão pelos cogumelos pelo Sr Dr Manuel Carmo Leal ( da Associação Pantorra) que mostrou com paciência e acessibilidade as maravilhas da micologia.

A Associação Pantorra tem sede em Macedo do Peso (freguesia de São Martinho do Peso, concelho de Mogadouro), tem por objecto a promoção do conhecimento científico, técnico e gastronómico dos cogumelos, bem como os aspectos ecológicos, culturais e sociais relativos aos mesmos, sem fim lucrativos.

Foi um dia excepcional de convivência saudável!